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Foro de Teresina - Podcast (*Generated Transcript*), #243: Os diamantes de Bolsonaro - Part 2

#243: Os diamantes de Bolsonaro - Part 2

O apoio está bastante refém ainda, eles não estão conseguindo ditar pauta, ditar o debate, ditar a agenda.

Não tiveram teste de votação ainda para saber o tamanho do apoio que o Lula tem, o que se sabe é o apoio do Lira.

Mal, mal estão conseguindo controlar as discussões do que é prioridade, está agora em negociação de presidente de comissão.

O próprio governo ainda não está certo do apoio que ele tem no Congresso.

Muito bem, José Roberto de Toledo, tampouco o apresentador está certo do apoio que ele tem na bancada, mas passo a palavra no escuro a você.

Fernando, a nossa relação é uma relação de quase irmãos, assim, tipo MBS e Bolsonaro.

Vamos dar números ao que a Thaís acabou de falar.

A federação do PT com o PCdoB e o PV tem 81 dos 513 deputados federais.

Se você soma tudo aquilo que pode, com muita generosidade, ser chamado de esquerda, PDT, PSB, PSOL e Rede, Avante, Solidariedade e Pross, dá mais 59 votos.

Soma tudo, dá 140. 140 não garante nem o não impeachment do Lula. Ele precisa de 171 ou 172 para não ser empichado.

Então, está ferrado, está certo? Essa é a situação real.

Aí começa o aluguel, os partidos que eu vou alugar para ter votos na Câmara.

Então, como é que ele aluga? Paga em ministério.

MDB, tem Ministério dos Transportes, entre outros, 42 votos.

PSD, tem Ministério das Minas e Energia, outros 42 votos. Juntos, dá 84. Soma, dá 224 votos.

224 votos, como bem diz o Arthur Lira, presidente da Câmara, não é nem metade dos votos da Câmara.

Então, se tem uma votação com presença maciça dos deputados em plenário e precisa de maioria simples, esses 224 votos não garantem maioria para o governo Lula.

Aí vem a União Brasil, que, vamos lembrar, é a união do PSL, que era o partido do Bolsonaro, com o DEM, que é, historicamente, inimigo do PT na Câmara.

União Brasil tem mais 59 votos. É um partido completamente rachado, dividido, tem alas múltiplas.

E se ele tivesse apoio total da União Brasil, que é o partido do ministro Juscelino, das comunicações, ele chegaria a 283 votos, que daria maioria simples,

mas não daria, ainda, maioria necessária para ele aprovar reformas constitucionais, como a reforma tributária.

Para chegar nesses votos, ele precisaria, ainda, somar os 16 votos do Podemos mais PSC, que estão juntos, mais 4 do Patriotas, e, ainda, roubar votos dos republicanos,

para não depender do PP do Arthur Lira ou do PL do Bolsonaro.

Então, é uma situação muito complicada e difícil do governo Lula na Câmara dos Deputados.

Quando o Arthur Lira diz que o governo não tem votos, sequer, para aprovar projetos com maioria simples, ele tem razão, a aritmética está do lado dele.

Então, por isso, que, mesmo que o Juscelino não represente a totalidade dos votos da União Brasil, os poucos votos que ele representa, não só na União Brasil,

mas, vamos lembrar, o grande parceiro do Juscelino é o Weverton Rocha, do PDT.

Tem troca de chumbo entre eles, encargos nas bancadas, parentes empregados um pelo outro, etc, etc.

É um jeito, também, de não desagradar aqueles votos que, supostamente, são garantidos da esquerda, lá dos 140 que eu mencionei no começo.

Então, não tem como. Vai precisar de muito cavalo, vai precisar de uma manada de elefantes irregulares para o governo poder se livrar do Juscelino.

Porque o risco que ele corre é muito grande. Você vai dizer que isso é uma imoralidade?

Não, isso chama-se presidencialismo de coalizão. Esse é o sistema político do Brasil e é assim que as coisas funcionam.

Tem um imbebismo na caracterização do Marcos Nobre. E um congresso que a gente não pode esquecer, da surpresa que a gente teve no final do primeiro turno da eleição passada,

um congresso de direita, fisiológico e de direita. Juntas duas coisas, Bolsonaro talvez tivesse mais facilidade de tiver sido reeleito.

Agora, só quero registrar que você vinha indicado pelo próprio Arthur Lira com essa eventual fusão do PP com União Brasil,

porque o único nome possível para esse partido é Arenão. Porque vamos lembrar, o PP vem do PDS, que vem da Arena.

Não tem outro nome, não vai ter mais discussão, Centrão, nada disso. É Arenão mesmo.

Então vai, a história já está feita. De Rochão a Arenão. A gente encerra o segundo bloco do programa.

Depois do intervalo, vamos falar do crescimento das denúncias de exploração do trabalho, análogo à escravidão. A gente já volta.

A CIDADE DE BOLSONARO

Na revista Piauí de Março, a enfermeira Eliane Clara Alpuchina faz um relato sobre a dor e a alegria de cuidar da saúde dos ianomames.

João Batista Júnior mostra como a atriz Thaís Araújo mastigou o racismo em 30 anos de carreira.

Felipe Velicic conta como o youtuber Felipe Neto enfrentou as perseguições e ameaças dos bolsonaristas durante 4 anos.

E Vladimir Safato lhe alerta, a extrema-direita não está enfraquecida, pelo contrário.

E ainda um capítulo inédito de Salvar o Fogo, novo livro de Itamar Vieira Júnior, o autor de Torturado.

No papel, no celular ou no computador, assinante Piauí lê esses e outros textos com exclusividade.

Saiba mais em revistapiaui.com.br.

MÚSICA

Muito bem, Thaís Bilenk, segundo Ministério do Trabalho, mais de 500 pessoas, 523, já foram resgatadas de trabalho análogo à escravidão este ano.

Este ano que mal começou.

Os números talvez não traduzam o horror dessa realidade, né?

A gente teve o caso que eu mencionei no sul do país, em Bento Gonçalves, e tivemos agora essa semana esse caso no interior de São Paulo.

É, Fernando, exato, os números não traduzem.

Por exemplo, no dia 3 de março, mais três trabalhadores foram resgatados na zona da Mata Mineira por também trabalho análogo à escravidão.

No caso desses três, eles moravam num sítio onde faziam os serviços gerais e cuidavam do gado.

Eram dois irmãos que já estavam lá desde 2015.

Moravam num casebre totalmente precário, obviamente, que era quarto, cozinha, banheiro, tudo no mesmo ambiente.

Tinha fogão, botijão de gás e vermífugo no mesmo lugar.

Não tinham geladeira, ganhavam menos de um salário mínimo, tinham direito a duas refeições por dia, compostas só de arroz e feijão.

Se eles quisessem comer ovos, eles tinham que comprar da própria empregadora e ela cobrava um real por unidade de ovo para eles poderem ter alguma fonte de proteína.

E o terceiro trabalhador resgatado nessa mesma propriedade era um senhor de 74 anos que estava lá, fazia 15 anos e ganhava 100 reais por semana pelo que ele fazia.

Um senhor de 74 anos.

Uma das dúvidas que eu tinha, qual é a reação dessas pessoas ao serem resgatadas?

Eu perguntei para o Maurício Krepsky, que é o Auditor Fiscal do Trabalho e chefe da divisão de fiscalização para erradicação do trabalho escravo no Ministério do Trabalho e Emprego.

Primeiro, acho que é números gerais sobre essa situação de escravidão contemporânea, como ele chama.

No Brasil, nos últimos anos, foram resgatados 60 mil pessoas em condições análogas à escravidão.

Esses números vêm aumentando, por exemplo, em 2022 houve 25% mais resgates do que em 2021.

Em geral, 92% das pessoas resgatadas são homens, 83% são autodeclarados negros ou pardos, 73% estão no meio rural.

E as culturas que mais empregam pessoas nessas condições são a cana-de-açúcar, a agricultura de modo geral e carvão vegetal e a lista segue.

E o Maurício Krepsky fala que eles, em geral, têm a sensação e a noção de que estão sendo explorados, mas alguns não, porque, nas palavras do Maurício Krepsky,

estão acostumados ao Estado nunca chegar até eles e acham que aquela operação de resgate vai, na verdade, tirar o trabalho deles.

E que aquela pouquíssima condição que lhes é oferecida, falta de condição, na verdade, acham que vão ficar até sem aquilo.

E aí, quando o Ministério do Trabalho calcula o direito que eles têm de verba recisória, de indenização, que eles têm direito a 13º, que eles têm direito a férias,

que eles têm direito a carteira assinada, aí eles passam a entender a degradação em que eles estavam inseridos.

E, segundo Maurício Krepsky, o perfil mais complicado de trabalhador em condição análoga à escravidão atualmente que eles lidam são as empregadas domésticas.

Desde 2003, foram 2.483 mulheres resgatadas desta condição de escravidão contemporânea.

E é complicado porque existe uma falácia reiterada de que elas fazem parte da família.

As famílias falam isso para elas, elas mesmo repetem que são parte da família, quando não têm direito a herança nenhuma daquela família.

Moram num quarto sem janela, chegam nas casas às vezes com 12 anos e os filhos da mesma idade daquela família estão indo para a escola,

elas não saem de casa, trabalham no final de semana, inclusive.

Essas pessoas não são protegidas pela lei, digamos assim, ou pela impessoalidade, como se caracteriza uma sociedade do trabalho,

mas pelo favor ou pela disposição, pelo capricho dos seus patrões.

Eles estão sujeitados. Quem tratou isso de maneira magistral, aliás, não só isso, foi o Machado de Assis.

O agregado José Dias, do Bentinho, Dom Casmurro, é um caso típico dessa configuração social perversa e que vem até hoje.

A coisa das empregadas domésticas, quando foi aprovada a legislação que elas teriam direitos trabalhistas, igual a outras categorias,

foi um Deus nos acuda, né? Um monte de gente reclamando e tal.

É uma superposição de problemas que mostram como é difícil civilizar o país.

Não tem outro nome que não escravidão com depósito.

Porque a origem disso que você acabou de descrever, Fernanda, é escravidão, é escravatura, né?

Quer dizer, você criou esse hábito do agregado durante a escravidão.

Talvez até possa ir até mais longe, mas ele se consolida durante...

O estilo de vida das elites oligárquicas do Brasil se consolida durante a escravatura.

E a consequência é isso que você falou.

Agora, eu acho que é importante diferenciar dois tipos de situações que, embora do ponto de vista das vítimas seja muito parecido,

das causas são muito diferentes.

Eu estava vendo aqui a evolução do número de denúncias de trabalho escravo feitas ao Ministério Público do Trabalho nos últimos 10 anos.

Nesse período, desde 2012, cresceu 130%.

Chegou a quase 2 mil denúncias por ano.

E denúncias não dizem respeito ao número de pessoas que estavam em situação análoga à escravidão.

É o número de casos.

Pode envolver muito mais. Pode não.

Com certeza envolve muito mais gente do que esses quase 2 mil casos denunciados.

Só para você ter uma ideia, de 2021 para 2022, o crescimento foi de quase 40%.

Por que isso?

Tem dois tipos.

Tem isso que vocês acabaram de descrever, que é essa relação pessoal entre empregada doméstica, por exemplo,

que vai morar na casa, e os patrões, que é fruto direto da escravidão.

E você tem uma outra razão mais estrutural, que é a necessidade da economia brasileira de mover mão de obra,

uma mão de obra nômade, que vai fazer colheitas, principalmente na agricultura, de todo tipo de cultura.

De morango a alho, passando por cana-de-açúcar ou uva, entendeu?

São trabalhos sazonais, né?

Exatamente. E implicam um certo nomadismo.

Na Grande Matão, era muito mais comum, até a mecanização do corte da cana-de-açúcar,

que metade da população de determinado município do interior da Bahia ou do interior de Minas Gerais

se deslocasse para uma cidade do interior de São Paulo,

para trabalhar no corte de cana de uma determinada usina,

trabalhava ali ao longo de toda a safra, que na época era mais curta, durava uns 7 meses.

Em geral, moravam juntos, alugavam uma casa, um alojamento numa cidade próxima.

Em geral, são pessoas da mesma família ou com laços de amizade, ou que têm tradição em trabalhar juntos.

E, ao final da safra, voltavam para a sua cidade e ali pediam seguro-desemprego,

viviam 3, 4 meses com seguro-desemprego, e no início da safra seguinte voltavam para a cidade para fazer a colheita.

Isso, no caso da cana, diminuiu com a mecanização, mas ainda existe.

Está aí o caso do açúcar caravelas, que mostra isso claramente,

embora não dê para comparar a atitude do caravelas com a das vinícolas,

no caso do Rio Grande do Sul foi muito pior,

mas isso é uma característica da economia brasileira,

que cria as circunstâncias possíveis para a exploração dessa mão de obra.

Isso não significa que todo mundo que trabalha nesse trabalho volante ou nômade das safras

esteja submetido às mesmas condições análogas à escravidão,

mas como é muito comum, muito frequente e necessário, aumenta a chance de exploração.

E o aumento das denúncias ao Ministério do Trabalho mostra duas coisas.

Primeiro, que o problema está longe de ser erradicado.

E segundo, que está aumentando a conscientização, seja das vítimas,

seja de quem participa do processo, porque isso também impacta no aumento das denúncias.

Só tem uma coisa que eu acho importante dizer.

As denúncias aumentaram e as operações também de resgate.

Existem as equipes dos estados que fazem hoje cerca de 60% dessas operações de resgate,

aí falando do Ministério do Trabalho.

Existe esse grupo especial móvel, que é uma força nacional do Ministério do Trabalho

para atender as demandas no país inteiro.

E eles são formados por sabe quantas pessoas para fazer esse tipo de operação?

24. Eram 12 pessoas em 2017.

Eles são 24 agora e não porque o governo Bolsonaro contratou mais 12 ou o governo Temer.

Não foi por isso. É só porque eles se reorganizaram internamente diante da demanda

e puseram mais pessoas para fazer essas operações.

Mas mesmo assim, são 24 pessoas.

Então se tem tanta denúncia, se a conscientização aumenta,

se as denúncias aumentam, o Estado precisa responder a isso.

É. Isso que a gente nem falou do trabalho precarizado fora da CLT,

que se expande e que é uma realidade que veio para ficar nas economias do mundo inteiro,

em especial do Brasil.

Aqui os tempos históricos se condensam desde o trabalho propriamente análogo à escravidão

até esses trabalhos precarizados que são ultra modernos, no sentido ultra contemporâneos

e que tem características inaceitáveis também.

A economia que muitos chamam de economias pós-crescimento.

A gente entrou no mundo pós-crescimento, que as taxas de crescimento serão mínimas

e que as pessoas estarão submetidas a esse tipo de coisa cada vez mais.

E só para deixar claro como a modernidade convive com a escravidão moderna,

só na Grande Matão, aqui na Intervalo de São Paulo, foram mais de 300 denúncias no ano passado.

Só encontra paralelo com Minas Gerais, onde também houve mais de 300 denúncias.

Muito bem. A gente vai encerrar aqui o terceiro bloco do programa.

Vamos para mais um intervalo e na volta direto para o Kinder Ovo.

A gente já volta.

Inspirado na história real de um serial killer iraniano,

o novo e arrepiante filme de Ali Abbasi já está disponível na MUBI.

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das profissionais do sexo que assolam uma cidade sagrada no Irã.

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Muito bem, chegada a hora do momento Kinder Ovo.

Thaís faturou na semana passada.

Vamos ver se nessa semana o ar seco de Brasília, Thaís, vai atrapalhar você.

Toledo Apostos, pode soltar aí, Mari.

Assim, eu pessoalmente não gosto de sair comprando.

Eu gosto de viajar, mas não gosto de...

É o Sérgio Cabral.

Não, mas não sou mesmo.

Então, nunca fui.

Tenho menor saco.

Eu gosto de livro, de filme, de beber, comer, conhecer lugares e trabalhar.

Sérgio Cabral, que não é consumista.

Consumista sou eu.

Olha só pra investimento.

Esse é outro que gosta de diamante, né?

Gosta de diamante, exato. Nossa Senhora.

A história não se repete, ela gagueja, né?

O Brasil gagueja, nunca sai do lugar.

É, ele foi condenado a 300 anos.

Quantos era? Quantos somavam as penas dele?

Sério, o cara ficou preso cinco anos. Seis.

Exato.

O Cabral é aquele caso...

Mas também o juiz que condenou o cara não ajuda, né?

É, ele põe aqueles guardanapos na cabeça.

Ele é aquele caso, ele é a antemulher de César, né?

Não basta ser desonesto, é preciso parecer desonesto.

Isso é um pandego.

É um pandego, bom, acertei.

Sérgio Cabral.

Não sei se isso vai contribuir para a minha biografia,

mas também não sei o que resta dela.

Então, Mari, conculta aí.

Vitória de Fernando Barros, acertou Sérgio Cabral.

O homem, o mito.

Esse tem a tornozeleira de diamantes, né, Zé?

Todos os membros do corpo, né?

Bênis a Deus.

Bom, para constar então, o ex-governador do Rio,

Sérgio Cabral, entrevista ao portal Metrópolis.

Muito bem, vamos para o momento cabeção,

que vocês tanto gostam.

Momento cabeção, nós vamos começar com o cabeção da turma,

José Roberto Toledo.

Bom, eu vou começar com o momento cabeção,

com o momento cabecinha, que é indicando uma série

chamada Your Honor,

que é uma série que está na Prime Video,

que vale pela atuação do Bryan Cranston,

que é, para quem não se lembra, o ator principal de Breaking Bad.

Nessa série, ele faz o papel de um juiz que cai em desgraça

e sofre uma tragédia e é envolvido com a máfia.

É uma série muito bem feita e muito acima da média.

Recomendo, está na segunda temporada.

Bom, e no momento cabeção, provavelmente dito,

eu vou indicar esse livro aqui, A Máquina do Caos,

que foi escrito por um repórter do New York Times,

o Max Fischer.

Eu tinha começado a ler o livro quando saiu ainda em inglês,

agora tenho uma edição em português, da editora Todavia.

Por que eu recomendo esse livro?

Ele trata sobre o poder de influência das mídias sociais

nas sociedades do mundo inteiro,

principalmente nos Estados Unidos,

e ele tem um ponto fundamental que eu acho que é muito importante

ressaltar.

Não se trata apenas de as mídias sociais propiciarem a oportunidade

e os meios para os agentes da desinformação atuarem.

Elas não são apenas como elas gostam de se defender,

dizendo que somos um livro,

e o que vai dentro do livro não é problema nosso.

Somos como se fosse a gráfica que imprime o livro,

não é verdade.

O que o livro mostra é que os mecanismos internos das redes sociais,

o chamado algoritmo,

ou mesmo a inteligência artificial que rege esses mecanismos,

são fundamentais para propagar a desinformação.

Ou como ele próprio diz aqui, o autor, num trecho.

Para a inteligência artificial que gerencia uma plataforma de mídias sociais,

a conclusão é óbvia.

Mães interessadas em questões de saúde vão passar muito mais tempo na rede

se entrarem em grupos antivacina.

Assim, promover esses grupos por meio de qualquer método

que conquiste a atenção dos usuários impulsionará o engajamento.

De resta, um dos personagens aqui, sabia que se estivesse certa,

o Facebook não vinha só satisfazendo os extremistas antivacinação,

estava criando esses extremistas.

E esse que eu acho que é o ponto fundamental que demonstra a culpa

das mídias sociais no caos em que a gente vive hoje.

Muito bem.

Você recebeu o livro antes de mim, eu recebi ontem.

Está na minha lista.

Agora a série também, eu estou lendo, pautando a turma aqui.

Thaís Bilenk, a gente soube que você foi ao show do Chico Buarque na semana passada.

Foi vista.

Foi vista lá, né?

Foi vista no show do Chico Buarque.

Eu vou ficar no tema racismo, porque não estamos prontos ainda para superá-lo.

Então, vou indicar Memórias da Plantação da Grada Quilomba.

Lembro muito da exposição que ela fez uns anos atrás na Pinacoteca,

de uma reencenação do complexo de Édipo, como é genial e como que ela consegue

refletir sobre o racismo na composição psíquica das pessoas

e na forma como a gente reproduz o racismo nos nossos pequenos atos cotidianos.

Então, acho que nunca é tarde.

O livro não é um lançamento, mas é sempre bom se instruir.

Essa é minha dica.

Eu li esse livro.

Ela é muito boa, essa autora.

É uma autora portuguesa, né?

Que é uma artista, é uma psicanalista, é uma psicóloga também,

que foi morar em Berlim, veio para a Flip já.

É uma mulher negra e as coisas que ela fala sobre a sensação de exclusão dela em Portugal,

eu lembro nesse livro, como ela vivia o racismo em Portugal,

ela só percebeu isso quando foi para a Alemanha.

É muito interessante mesmo.

E ela disse já mais de uma vez, acho, que o Brasil é uma experiência colonial bem sucedida.

O terceiro bloco do nosso programa é mais ou menos prova disso.

Exato.

Depois dessas dicas, acho que não tenho mais nenhuma dica.

Eu li várias coisinhas aí nas férias.

Eu vou dar uma dica de uma autora francesa, que é Yasmina Reza.

Um livrinho que saiu recentemente pela editora Aine,

que é uma ótima editora e da qual a gente pouco fala.

E o livro tem o título que eu gosto muito, que chama Felizes, os Felizes.

É um romancezinho, mas pode ser lido também como uma sucessão de contos.

Cada conto ou cada capítulo tem o nome de uma pessoa

e trata de diversos desencontros de casais, pais e filhos, etc.

Mas escrito com uma prosa de uma vivacidade impressionante.

Vale a pena.

Ela diz aqui, um dos personagens diz a certa altura que ser feliz é um talento.

E os protagonistas desse romance, nenhum deles parece possuí-lo.

É um livrinho muito bom.

Vou indicar para terminar um livro que ainda não saiu, mas está para sair,

mas que eu li porque fiz a orelha, então é um pouco cabotino.

Que é O Girassol que nos Tinge, da editora Fósforo.

Escrito pelo jornalista Oscar Pilagalo.

É uma reconstituição da campanha das diretas já entre 1983 e 1984.

Desde a apresentação da emenda do Dante Oliveira em 83

até a derrota no Congresso da emenda em 84,

que depois se desdobrou na eleição do Tancredo, etc.

É uma reconstituição histórica muito bem feita que vale a pena ler.

Vocês que são mais jovens na maioria do que a gente,

os nossos ouvintes são mais jovens, ainda bem para eles, não para nós.

Fernando, você se lembra onde você estava no dia da votação

da emenda Dante de Oliveira no Congresso Nacional em 1984?

Eu me lembro porque eu tinha meu primeiro carro,

era uma Brasília e foi roubada.

Na madrugada que a emenda caiu, a minha Brasília foi roubada.

Sumiu da frente da minha casa.

Muito bom.

Eu estava numa festa de faculdade nesse dia,

era uma festa de aniversário numa boate, num clube, sei lá como chama isso.

O engraçado é que a gente ficava acompanhando a votação no meio da festa

e alguém levou um space cake para a festa.

E o garçom da boate comeu muito do space cake.

Então, no meio da votação da Dante de Oliveira,

estava o garçom dançando, dando piruetas na pista de dança

e ninguém entendia o motivo.

Estava eu com a minha Brasília roubada.

Não estava, né?

Não estava, é. Não estava.

Muito bem, depois dessas dicas,

a gente vai ter que tirar férias para ler esses livros e ver essas séries todas.

Então, não vai ter programa pelos próximos meses, é isso?

Brincadeira.

Vamos direto para o Corrêa Elegante.

Momento de vocês e eu vou começar com um e-mail do Henrique Braga.

Olá, Fernando.

Há pouco mais de um ano escrevi em seu socorro.

Na época, você demonstrava um louvável constrangimento ao nos pedir cinco estrelas,

embora cada uma delas fosse mais do que justa.

Hoje escrevo para parabenizar não apenas seu retorno magnânimo,

grandioso, como Ulisses ou Tieta a escolher,

mas sobretudo, solte vez de ao fim do programa passado confessar

eu estava com saudades de pedir five stars.

Eu falei isso.

Para os ouvintes mais atentos, foi, além de um lindo exemplo de superação,

uma amostra de quanto uns dias de descanso ajuda a colocar a cabeça no lugar

e reconhecer nosso próprio valor.

Parabéns.

Se possível, mande um abraço a minha conja Karina

e meus amigos Renan, Grego, Fabrício e Carrilho.

Está dado um abraço a todos.

Valentes professores dessa nação machucada,

grande abraço a vocês todos.

Five stars para sua cartinha também, mas eu continuo constrangido em pedir cinco estrelas.

Emília Souza comentou no nosso canal do YouTube

não sei se apaixonei-me por vocês pela sonoridade das vozes,

pela didática amorosa da análise de fatos tão difíceis

ou se é alguma carência afetiva que certamente desenvolvi durante os quase 60 anos de vida.

Mas, seja o que for, vocês me dão esperança de viver dias menos turbulentos

e mais ensolarados quando finalmente teremos um pouco de paz neste país.

Não sei que país que ela brinca.

É, este país imaginário, Passargada.

Eu tenho um longo e-mail da Giovana Andrade,

que é daqueles e-mails que a Thais gosta.

Comecei a ouvir o Foro de Terezinha quando meu amigo Bruno,

Terezino de Caterinha, disse que minha voz era parecida com a da Thais,

a querida Thais, e tive que tirar a prova.

Confesso que não concordei porque meu sotaque curitibano

é distante da fala paulistana da melhor repórter de política da podosfera.

Mas me senti lisonjeada com a comparação.

Desde então, vocês têm sido minha companhia hora de pessimismo completo,

hora de esperança irremediável, tanto no cenário político quanto na vida pessoal.

Porque, como tantos outros ouvintes, eu também compartilhei a escuta do foro

com interesses amorosos que não floresceram.

E por vezes, ouvir a melodia do João Jabási me causou uma certa melancolia

pelas histórias interrompidas abruptamente.

E aí ela abre um pazente e diz, um abraço, Gabriel.

Mas resolvi escrever este e-mail para agradecer pela companhia

e pedir para que me desejem um feliz aniversário no dia 9 de março,

vulgo hoje, quinta-feira, quando completo 28 anos.

Peço também para que mandem um abraço para o Bruno,

amigo de todas as horas que me apresentou o mundo dos javaporcos,

kinderovos e momentos cabeção.

E ao desencontro amoroso da vez, que não será nomeado,

deixo, até quem sabe, na voz de Gal Costa e a saudade dos bons momentos compartilhados.

Obrigado e um beijo.

Giovana, eu não sei se a gente tem a voz parecida ou não,

a gente pode cantar juntas, mas eu tô contigo, eu não abro o céu das minhas.

A Giovana tem 28 anos, tem muito desencontro amoroso ainda pela frente.

Fique tranquila, Giovana.

Bom, a gente termina assim o programa de hoje.

Se você gostou, não deixa de dar o quê, Thaís?

Five stars!

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O Foros Terezinha é uma produção da Rádio Novelo para a revista Piauí,

com a coordenação geral da Evelyn Argenta.

A direção é da Mari Faria e a produção do Marcos Amoroso.

O apoio de produção é da Natália Silva, a edição é da Evelyn Argenta e do Tiago Picado.

A finalização e a mixagem são do Luiz Rodrigues e do João Jabás, do Pipoca Sound.

Jabás, que é também o intérprete da nossa melodia tema, composta por Vânia Sales e Beto Boreno.

A nossa coordenação digital é feita pela Fê Cris Vasconcelos e pela Bia Ribeiro.

A checagem do programa é do João Felipe Carvalho e a ilustração no site do Fernando Carval.

O Foros Terezinha foi gravado nas nossas casas e em Brasília.

E eu me despeço dos meus amigos, José Roberto de Toledo. Tchau, Toledo!

Ô, Fernando, eu vou abrir, vou fazer um desaforo tardio aqui.

Só avisar a parte dos nossos ouvintes que não conseguiram ouvir o foro no seu tocador predileto semana passada

que isso se deveu a uma mudança de publicador, uma coisa tecnológica aí.

Mas esperamos que essa semana as coisas se normalizem. Não nos deixe sós, já diria a cola.

Ah, essa semana eles estão condenados a nos ouvir. Thaís Bilencki, tchau, Thaís!

Tudo joinha, gente. Tchauzinho.

Joinha, joinha. É isso, gente. Ótima semana a todos e até a semana que vem.

#243: Os diamantes de Bolsonaro - Part 2 #243: Die Diamanten von Bolsonaro - Teil 2 #243: Bolsonaro's diamonds - Part 2 #243: Los diamantes de Bolsonaro - Parte 2 #243: ボルソナロのダイヤモンド - パート2 #243: Diamenty Bolsonaro - część 2 #243:博尔索纳罗的钻石 - 第 2 部分 #243:博索納羅的鑽石 - 第 2 部分

O apoio está bastante refém ainda, eles não estão conseguindo ditar pauta, ditar o debate, ditar a agenda.

Não tiveram teste de votação ainda para saber o tamanho do apoio que o Lula tem, o que se sabe é o apoio do Lira.

Mal, mal estão conseguindo controlar as discussões do que é prioridade, está agora em negociação de presidente de comissão.

O próprio governo ainda não está certo do apoio que ele tem no Congresso.

Muito bem, José Roberto de Toledo, tampouco o apresentador está certo do apoio que ele tem na bancada, mas passo a palavra no escuro a você.

Fernando, a nossa relação é uma relação de quase irmãos, assim, tipo MBS e Bolsonaro.

Vamos dar números ao que a Thaís acabou de falar.

A federação do PT com o PCdoB e o PV tem 81 dos 513 deputados federais.

Se você soma tudo aquilo que pode, com muita generosidade, ser chamado de esquerda, PDT, PSB, PSOL e Rede, Avante, Solidariedade e Pross, dá mais 59 votos.

Soma tudo, dá 140. 140 não garante nem o não impeachment do Lula. Ele precisa de 171 ou 172 para não ser empichado.

Então, está ferrado, está certo? Essa é a situação real.

Aí começa o aluguel, os partidos que eu vou alugar para ter votos na Câmara.

Então, como é que ele aluga? Paga em ministério.

MDB, tem Ministério dos Transportes, entre outros, 42 votos.

PSD, tem Ministério das Minas e Energia, outros 42 votos. Juntos, dá 84. Soma, dá 224 votos.

224 votos, como bem diz o Arthur Lira, presidente da Câmara, não é nem metade dos votos da Câmara.

Então, se tem uma votação com presença maciça dos deputados em plenário e precisa de maioria simples, esses 224 votos não garantem maioria para o governo Lula.

Aí vem a União Brasil, que, vamos lembrar, é a união do PSL, que era o partido do Bolsonaro, com o DEM, que é, historicamente, inimigo do PT na Câmara.

União Brasil tem mais 59 votos. É um partido completamente rachado, dividido, tem alas múltiplas.

E se ele tivesse apoio total da União Brasil, que é o partido do ministro Juscelino, das comunicações, ele chegaria a 283 votos, que daria maioria simples,

mas não daria, ainda, maioria necessária para ele aprovar reformas constitucionais, como a reforma tributária.

Para chegar nesses votos, ele precisaria, ainda, somar os 16 votos do Podemos mais PSC, que estão juntos, mais 4 do Patriotas, e, ainda, roubar votos dos republicanos,

para não depender do PP do Arthur Lira ou do PL do Bolsonaro.

Então, é uma situação muito complicada e difícil do governo Lula na Câmara dos Deputados.

Quando o Arthur Lira diz que o governo não tem votos, sequer, para aprovar projetos com maioria simples, ele tem razão, a aritmética está do lado dele.

Então, por isso, que, mesmo que o Juscelino não represente a totalidade dos votos da União Brasil, os poucos votos que ele representa, não só na União Brasil,

mas, vamos lembrar, o grande parceiro do Juscelino é o Weverton Rocha, do PDT.

Tem troca de chumbo entre eles, encargos nas bancadas, parentes empregados um pelo outro, etc, etc.

É um jeito, também, de não desagradar aqueles votos que, supostamente, são garantidos da esquerda, lá dos 140 que eu mencionei no começo.

Então, não tem como. Vai precisar de muito cavalo, vai precisar de uma manada de elefantes irregulares para o governo poder se livrar do Juscelino.

Porque o risco que ele corre é muito grande. Você vai dizer que isso é uma imoralidade?

Não, isso chama-se presidencialismo de coalizão. Esse é o sistema político do Brasil e é assim que as coisas funcionam.

Tem um imbebismo na caracterização do Marcos Nobre. E um congresso que a gente não pode esquecer, da surpresa que a gente teve no final do primeiro turno da eleição passada,

um congresso de direita, fisiológico e de direita. Juntas duas coisas, Bolsonaro talvez tivesse mais facilidade de tiver sido reeleito.

Agora, só quero registrar que você vinha indicado pelo próprio Arthur Lira com essa eventual fusão do PP com União Brasil,

porque o único nome possível para esse partido é Arenão. Porque vamos lembrar, o PP vem do PDS, que vem da Arena.

Não tem outro nome, não vai ter mais discussão, Centrão, nada disso. É Arenão mesmo.

Então vai, a história já está feita. De Rochão a Arenão. A gente encerra o segundo bloco do programa.

Depois do intervalo, vamos falar do crescimento das denúncias de exploração do trabalho, análogo à escravidão. A gente já volta.

A CIDADE DE BOLSONARO

Na revista Piauí de Março, a enfermeira Eliane Clara Alpuchina faz um relato sobre a dor e a alegria de cuidar da saúde dos ianomames.

João Batista Júnior mostra como a atriz Thaís Araújo mastigou o racismo em 30 anos de carreira.

Felipe Velicic conta como o youtuber Felipe Neto enfrentou as perseguições e ameaças dos bolsonaristas durante 4 anos.

E Vladimir Safato lhe alerta, a extrema-direita não está enfraquecida, pelo contrário.

E ainda um capítulo inédito de Salvar o Fogo, novo livro de Itamar Vieira Júnior, o autor de Torturado.

No papel, no celular ou no computador, assinante Piauí lê esses e outros textos com exclusividade.

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MÚSICA

Muito bem, Thaís Bilenk, segundo Ministério do Trabalho, mais de 500 pessoas, 523, já foram resgatadas de trabalho análogo à escravidão este ano.

Este ano que mal começou.

Os números talvez não traduzam o horror dessa realidade, né?

A gente teve o caso que eu mencionei no sul do país, em Bento Gonçalves, e tivemos agora essa semana esse caso no interior de São Paulo.

É, Fernando, exato, os números não traduzem.

Por exemplo, no dia 3 de março, mais três trabalhadores foram resgatados na zona da Mata Mineira por também trabalho análogo à escravidão.

No caso desses três, eles moravam num sítio onde faziam os serviços gerais e cuidavam do gado.

Eram dois irmãos que já estavam lá desde 2015.

Moravam num casebre totalmente precário, obviamente, que era quarto, cozinha, banheiro, tudo no mesmo ambiente.

Tinha fogão, botijão de gás e vermífugo no mesmo lugar.

Não tinham geladeira, ganhavam menos de um salário mínimo, tinham direito a duas refeições por dia, compostas só de arroz e feijão.

Se eles quisessem comer ovos, eles tinham que comprar da própria empregadora e ela cobrava um real por unidade de ovo para eles poderem ter alguma fonte de proteína.

E o terceiro trabalhador resgatado nessa mesma propriedade era um senhor de 74 anos que estava lá, fazia 15 anos e ganhava 100 reais por semana pelo que ele fazia.

Um senhor de 74 anos.

Uma das dúvidas que eu tinha, qual é a reação dessas pessoas ao serem resgatadas?

Eu perguntei para o Maurício Krepsky, que é o Auditor Fiscal do Trabalho e chefe da divisão de fiscalização para erradicação do trabalho escravo no Ministério do Trabalho e Emprego.

Primeiro, acho que é números gerais sobre essa situação de escravidão contemporânea, como ele chama.

No Brasil, nos últimos anos, foram resgatados 60 mil pessoas em condições análogas à escravidão.

Esses números vêm aumentando, por exemplo, em 2022 houve 25% mais resgates do que em 2021.

Em geral, 92% das pessoas resgatadas são homens, 83% são autodeclarados negros ou pardos, 73% estão no meio rural.

E as culturas que mais empregam pessoas nessas condições são a cana-de-açúcar, a agricultura de modo geral e carvão vegetal e a lista segue.

E o Maurício Krepsky fala que eles, em geral, têm a sensação e a noção de que estão sendo explorados, mas alguns não, porque, nas palavras do Maurício Krepsky,

estão acostumados ao Estado nunca chegar até eles e acham que aquela operação de resgate vai, na verdade, tirar o trabalho deles.

E que aquela pouquíssima condição que lhes é oferecida, falta de condição, na verdade, acham que vão ficar até sem aquilo.

E aí, quando o Ministério do Trabalho calcula o direito que eles têm de verba recisória, de indenização, que eles têm direito a 13º, que eles têm direito a férias,

que eles têm direito a carteira assinada, aí eles passam a entender a degradação em que eles estavam inseridos.

E, segundo Maurício Krepsky, o perfil mais complicado de trabalhador em condição análoga à escravidão atualmente que eles lidam são as empregadas domésticas.

Desde 2003, foram 2.483 mulheres resgatadas desta condição de escravidão contemporânea.

E é complicado porque existe uma falácia reiterada de que elas fazem parte da família.

As famílias falam isso para elas, elas mesmo repetem que são parte da família, quando não têm direito a herança nenhuma daquela família.

Moram num quarto sem janela, chegam nas casas às vezes com 12 anos e os filhos da mesma idade daquela família estão indo para a escola,

elas não saem de casa, trabalham no final de semana, inclusive.

Essas pessoas não são protegidas pela lei, digamos assim, ou pela impessoalidade, como se caracteriza uma sociedade do trabalho,

mas pelo favor ou pela disposição, pelo capricho dos seus patrões.

Eles estão sujeitados. Quem tratou isso de maneira magistral, aliás, não só isso, foi o Machado de Assis.

O agregado José Dias, do Bentinho, Dom Casmurro, é um caso típico dessa configuração social perversa e que vem até hoje.

A coisa das empregadas domésticas, quando foi aprovada a legislação que elas teriam direitos trabalhistas, igual a outras categorias,

foi um Deus nos acuda, né? Um monte de gente reclamando e tal.

É uma superposição de problemas que mostram como é difícil civilizar o país.

Não tem outro nome que não escravidão com depósito.

Porque a origem disso que você acabou de descrever, Fernanda, é escravidão, é escravatura, né?

Quer dizer, você criou esse hábito do agregado durante a escravidão.

Talvez até possa ir até mais longe, mas ele se consolida durante...

O estilo de vida das elites oligárquicas do Brasil se consolida durante a escravatura.

E a consequência é isso que você falou.

Agora, eu acho que é importante diferenciar dois tipos de situações que, embora do ponto de vista das vítimas seja muito parecido,

das causas são muito diferentes.

Eu estava vendo aqui a evolução do número de denúncias de trabalho escravo feitas ao Ministério Público do Trabalho nos últimos 10 anos.

Nesse período, desde 2012, cresceu 130%.

Chegou a quase 2 mil denúncias por ano.

E denúncias não dizem respeito ao número de pessoas que estavam em situação análoga à escravidão.

É o número de casos.

Pode envolver muito mais. Pode não.

Com certeza envolve muito mais gente do que esses quase 2 mil casos denunciados.

Só para você ter uma ideia, de 2021 para 2022, o crescimento foi de quase 40%.

Por que isso?

Tem dois tipos.

Tem isso que vocês acabaram de descrever, que é essa relação pessoal entre empregada doméstica, por exemplo,

que vai morar na casa, e os patrões, que é fruto direto da escravidão.

E você tem uma outra razão mais estrutural, que é a necessidade da economia brasileira de mover mão de obra,

uma mão de obra nômade, que vai fazer colheitas, principalmente na agricultura, de todo tipo de cultura.

De morango a alho, passando por cana-de-açúcar ou uva, entendeu?

São trabalhos sazonais, né?

Exatamente. E implicam um certo nomadismo.

Na Grande Matão, era muito mais comum, até a mecanização do corte da cana-de-açúcar,

que metade da população de determinado município do interior da Bahia ou do interior de Minas Gerais

se deslocasse para uma cidade do interior de São Paulo,

para trabalhar no corte de cana de uma determinada usina,

trabalhava ali ao longo de toda a safra, que na época era mais curta, durava uns 7 meses.

Em geral, moravam juntos, alugavam uma casa, um alojamento numa cidade próxima.

Em geral, são pessoas da mesma família ou com laços de amizade, ou que têm tradição em trabalhar juntos.

E, ao final da safra, voltavam para a sua cidade e ali pediam seguro-desemprego,

viviam 3, 4 meses com seguro-desemprego, e no início da safra seguinte voltavam para a cidade para fazer a colheita.

Isso, no caso da cana, diminuiu com a mecanização, mas ainda existe.

Está aí o caso do açúcar caravelas, que mostra isso claramente,

embora não dê para comparar a atitude do caravelas com a das vinícolas,

no caso do Rio Grande do Sul foi muito pior,

mas isso é uma característica da economia brasileira,

que cria as circunstâncias possíveis para a exploração dessa mão de obra.

Isso não significa que todo mundo que trabalha nesse trabalho volante ou nômade das safras

esteja submetido às mesmas condições análogas à escravidão,

mas como é muito comum, muito frequente e necessário, aumenta a chance de exploração.

E o aumento das denúncias ao Ministério do Trabalho mostra duas coisas.

Primeiro, que o problema está longe de ser erradicado.

E segundo, que está aumentando a conscientização, seja das vítimas,

seja de quem participa do processo, porque isso também impacta no aumento das denúncias.

Só tem uma coisa que eu acho importante dizer.

As denúncias aumentaram e as operações também de resgate.

Existem as equipes dos estados que fazem hoje cerca de 60% dessas operações de resgate,

aí falando do Ministério do Trabalho.

Existe esse grupo especial móvel, que é uma força nacional do Ministério do Trabalho

para atender as demandas no país inteiro.

E eles são formados por sabe quantas pessoas para fazer esse tipo de operação?

24. Eram 12 pessoas em 2017.

Eles são 24 agora e não porque o governo Bolsonaro contratou mais 12 ou o governo Temer.

Não foi por isso. É só porque eles se reorganizaram internamente diante da demanda

e puseram mais pessoas para fazer essas operações.

Mas mesmo assim, são 24 pessoas.

Então se tem tanta denúncia, se a conscientização aumenta,

se as denúncias aumentam, o Estado precisa responder a isso.

É. Isso que a gente nem falou do trabalho precarizado fora da CLT,

que se expande e que é uma realidade que veio para ficar nas economias do mundo inteiro,

em especial do Brasil.

Aqui os tempos históricos se condensam desde o trabalho propriamente análogo à escravidão

até esses trabalhos precarizados que são ultra modernos, no sentido ultra contemporâneos

e que tem características inaceitáveis também.

A economia que muitos chamam de economias pós-crescimento.

A gente entrou no mundo pós-crescimento, que as taxas de crescimento serão mínimas

e que as pessoas estarão submetidas a esse tipo de coisa cada vez mais.

E só para deixar claro como a modernidade convive com a escravidão moderna,

só na Grande Matão, aqui na Intervalo de São Paulo, foram mais de 300 denúncias no ano passado.

Só encontra paralelo com Minas Gerais, onde também houve mais de 300 denúncias.

Muito bem. A gente vai encerrar aqui o terceiro bloco do programa.

Vamos para mais um intervalo e na volta direto para o Kinder Ovo.

A gente já volta.

Inspirado na história real de um serial killer iraniano,

o novo e arrepiante filme de Ali Abbasi já está disponível na MUBI.

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das profissionais do sexo que assolam uma cidade sagrada no Irã.

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Muito bem, chegada a hora do momento Kinder Ovo.

Thaís faturou na semana passada.

Vamos ver se nessa semana o ar seco de Brasília, Thaís, vai atrapalhar você.

Toledo Apostos, pode soltar aí, Mari.

Assim, eu pessoalmente não gosto de sair comprando.

Eu gosto de viajar, mas não gosto de...

É o Sérgio Cabral.

Não, mas não sou mesmo.

Então, nunca fui.

Tenho menor saco.

Eu gosto de livro, de filme, de beber, comer, conhecer lugares e trabalhar.

Sérgio Cabral, que não é consumista.

Consumista sou eu.

Olha só pra investimento.

Esse é outro que gosta de diamante, né?

Gosta de diamante, exato. Nossa Senhora.

A história não se repete, ela gagueja, né?

O Brasil gagueja, nunca sai do lugar.

É, ele foi condenado a 300 anos.

Quantos era? Quantos somavam as penas dele?

Sério, o cara ficou preso cinco anos. Seis.

Exato.

O Cabral é aquele caso...

Mas também o juiz que condenou o cara não ajuda, né?

É, ele põe aqueles guardanapos na cabeça.

Ele é aquele caso, ele é a antemulher de César, né?

Não basta ser desonesto, é preciso parecer desonesto.

Isso é um pandego.

É um pandego, bom, acertei.

Sérgio Cabral.

Não sei se isso vai contribuir para a minha biografia,

mas também não sei o que resta dela.

Então, Mari, conculta aí.

Vitória de Fernando Barros, acertou Sérgio Cabral.

O homem, o mito.

Esse tem a tornozeleira de diamantes, né, Zé?

Todos os membros do corpo, né?

Bênis a Deus.

Bom, para constar então, o ex-governador do Rio,

Sérgio Cabral, entrevista ao portal Metrópolis.

Muito bem, vamos para o momento cabeção,

que vocês tanto gostam.

Momento cabeção, nós vamos começar com o cabeção da turma,

José Roberto Toledo.

Bom, eu vou começar com o momento cabeção,

com o momento cabecinha, que é indicando uma série

chamada Your Honor,

que é uma série que está na Prime Video,

que vale pela atuação do Bryan Cranston,

que é, para quem não se lembra, o ator principal de Breaking Bad.

Nessa série, ele faz o papel de um juiz que cai em desgraça

e sofre uma tragédia e é envolvido com a máfia.

É uma série muito bem feita e muito acima da média.

Recomendo, está na segunda temporada.

Bom, e no momento cabeção, provavelmente dito,

eu vou indicar esse livro aqui, A Máquina do Caos,

que foi escrito por um repórter do New York Times,

o Max Fischer.

Eu tinha começado a ler o livro quando saiu ainda em inglês,

agora tenho uma edição em português, da editora Todavia.

Por que eu recomendo esse livro?

Ele trata sobre o poder de influência das mídias sociais

nas sociedades do mundo inteiro,

principalmente nos Estados Unidos,

e ele tem um ponto fundamental que eu acho que é muito importante

ressaltar.

Não se trata apenas de as mídias sociais propiciarem a oportunidade

e os meios para os agentes da desinformação atuarem.

Elas não são apenas como elas gostam de se defender,

dizendo que somos um livro,

e o que vai dentro do livro não é problema nosso.

Somos como se fosse a gráfica que imprime o livro,

não é verdade.

O que o livro mostra é que os mecanismos internos das redes sociais,

o chamado algoritmo,

ou mesmo a inteligência artificial que rege esses mecanismos,

são fundamentais para propagar a desinformação.

Ou como ele próprio diz aqui, o autor, num trecho.

Para a inteligência artificial que gerencia uma plataforma de mídias sociais,

a conclusão é óbvia.

Mães interessadas em questões de saúde vão passar muito mais tempo na rede

se entrarem em grupos antivacina.

Assim, promover esses grupos por meio de qualquer método

que conquiste a atenção dos usuários impulsionará o engajamento.

De resta, um dos personagens aqui, sabia que se estivesse certa,

o Facebook não vinha só satisfazendo os extremistas antivacinação,

estava criando esses extremistas.

E esse que eu acho que é o ponto fundamental que demonstra a culpa

das mídias sociais no caos em que a gente vive hoje.

Muito bem.

Você recebeu o livro antes de mim, eu recebi ontem.

Está na minha lista.

Agora a série também, eu estou lendo, pautando a turma aqui.

Thaís Bilenk, a gente soube que você foi ao show do Chico Buarque na semana passada.

Foi vista.

Foi vista lá, né?

Foi vista no show do Chico Buarque.

Eu vou ficar no tema racismo, porque não estamos prontos ainda para superá-lo.

Então, vou indicar Memórias da Plantação da Grada Quilomba.

Lembro muito da exposição que ela fez uns anos atrás na Pinacoteca,

de uma reencenação do complexo de Édipo, como é genial e como que ela consegue

refletir sobre o racismo na composição psíquica das pessoas

e na forma como a gente reproduz o racismo nos nossos pequenos atos cotidianos.

Então, acho que nunca é tarde.

O livro não é um lançamento, mas é sempre bom se instruir.

Essa é minha dica.

Eu li esse livro.

Ela é muito boa, essa autora.

É uma autora portuguesa, né?

Que é uma artista, é uma psicanalista, é uma psicóloga também,

que foi morar em Berlim, veio para a Flip já.

É uma mulher negra e as coisas que ela fala sobre a sensação de exclusão dela em Portugal,

eu lembro nesse livro, como ela vivia o racismo em Portugal,

ela só percebeu isso quando foi para a Alemanha.

É muito interessante mesmo.

E ela disse já mais de uma vez, acho, que o Brasil é uma experiência colonial bem sucedida.

O terceiro bloco do nosso programa é mais ou menos prova disso.

Exato.

Depois dessas dicas, acho que não tenho mais nenhuma dica.

Eu li várias coisinhas aí nas férias.

Eu vou dar uma dica de uma autora francesa, que é Yasmina Reza.

Um livrinho que saiu recentemente pela editora Aine,

que é uma ótima editora e da qual a gente pouco fala.

E o livro tem o título que eu gosto muito, que chama Felizes, os Felizes.

É um romancezinho, mas pode ser lido também como uma sucessão de contos.

Cada conto ou cada capítulo tem o nome de uma pessoa

e trata de diversos desencontros de casais, pais e filhos, etc.

Mas escrito com uma prosa de uma vivacidade impressionante.

Vale a pena.

Ela diz aqui, um dos personagens diz a certa altura que ser feliz é um talento.

E os protagonistas desse romance, nenhum deles parece possuí-lo.

É um livrinho muito bom.

Vou indicar para terminar um livro que ainda não saiu, mas está para sair,

mas que eu li porque fiz a orelha, então é um pouco cabotino.

Que é O Girassol que nos Tinge, da editora Fósforo.

Escrito pelo jornalista Oscar Pilagalo.

É uma reconstituição da campanha das diretas já entre 1983 e 1984.

Desde a apresentação da emenda do Dante Oliveira em 83

até a derrota no Congresso da emenda em 84,

que depois se desdobrou na eleição do Tancredo, etc.

É uma reconstituição histórica muito bem feita que vale a pena ler.

Vocês que são mais jovens na maioria do que a gente,

os nossos ouvintes são mais jovens, ainda bem para eles, não para nós.

Fernando, você se lembra onde você estava no dia da votação

da emenda Dante de Oliveira no Congresso Nacional em 1984?

Eu me lembro porque eu tinha meu primeiro carro,

era uma Brasília e foi roubada.

Na madrugada que a emenda caiu, a minha Brasília foi roubada.

Sumiu da frente da minha casa.

Muito bom.

Eu estava numa festa de faculdade nesse dia,

era uma festa de aniversário numa boate, num clube, sei lá como chama isso.

O engraçado é que a gente ficava acompanhando a votação no meio da festa

e alguém levou um space cake para a festa.

E o garçom da boate comeu muito do space cake.

Então, no meio da votação da Dante de Oliveira,

estava o garçom dançando, dando piruetas na pista de dança

e ninguém entendia o motivo.

Estava eu com a minha Brasília roubada.

Não estava, né?

Não estava, é. Não estava.

Muito bem, depois dessas dicas,

a gente vai ter que tirar férias para ler esses livros e ver essas séries todas.

Então, não vai ter programa pelos próximos meses, é isso?

Brincadeira.

Vamos direto para o Corrêa Elegante.

Momento de vocês e eu vou começar com um e-mail do Henrique Braga.

Olá, Fernando.

Há pouco mais de um ano escrevi em seu socorro.

Na época, você demonstrava um louvável constrangimento ao nos pedir cinco estrelas,

embora cada uma delas fosse mais do que justa.

Hoje escrevo para parabenizar não apenas seu retorno magnânimo,

grandioso, como Ulisses ou Tieta a escolher,

mas sobretudo, solte vez de ao fim do programa passado confessar

eu estava com saudades de pedir five stars.

Eu falei isso.

Para os ouvintes mais atentos, foi, além de um lindo exemplo de superação,

uma amostra de quanto uns dias de descanso ajuda a colocar a cabeça no lugar

e reconhecer nosso próprio valor.

Parabéns.

Se possível, mande um abraço a minha conja Karina

e meus amigos Renan, Grego, Fabrício e Carrilho.

Está dado um abraço a todos.

Valentes professores dessa nação machucada,

grande abraço a vocês todos.

Five stars para sua cartinha também, mas eu continuo constrangido em pedir cinco estrelas.

Emília Souza comentou no nosso canal do YouTube

não sei se apaixonei-me por vocês pela sonoridade das vozes,

pela didática amorosa da análise de fatos tão difíceis

ou se é alguma carência afetiva que certamente desenvolvi durante os quase 60 anos de vida.

Mas, seja o que for, vocês me dão esperança de viver dias menos turbulentos

e mais ensolarados quando finalmente teremos um pouco de paz neste país.

Não sei que país que ela brinca.

É, este país imaginário, Passargada.

Eu tenho um longo e-mail da Giovana Andrade,

que é daqueles e-mails que a Thais gosta.

Comecei a ouvir o Foro de Terezinha quando meu amigo Bruno,

Terezino de Caterinha, disse que minha voz era parecida com a da Thais,

a querida Thais, e tive que tirar a prova.

Confesso que não concordei porque meu sotaque curitibano

é distante da fala paulistana da melhor repórter de política da podosfera.

Mas me senti lisonjeada com a comparação.

Desde então, vocês têm sido minha companhia hora de pessimismo completo,

hora de esperança irremediável, tanto no cenário político quanto na vida pessoal.

Porque, como tantos outros ouvintes, eu também compartilhei a escuta do foro

com interesses amorosos que não floresceram.

E por vezes, ouvir a melodia do João Jabási me causou uma certa melancolia

pelas histórias interrompidas abruptamente.

E aí ela abre um pazente e diz, um abraço, Gabriel.

Mas resolvi escrever este e-mail para agradecer pela companhia

e pedir para que me desejem um feliz aniversário no dia 9 de março,

vulgo hoje, quinta-feira, quando completo 28 anos.

Peço também para que mandem um abraço para o Bruno,

amigo de todas as horas que me apresentou o mundo dos javaporcos,

kinderovos e momentos cabeção.

E ao desencontro amoroso da vez, que não será nomeado,

deixo, até quem sabe, na voz de Gal Costa e a saudade dos bons momentos compartilhados.

Obrigado e um beijo.

Giovana, eu não sei se a gente tem a voz parecida ou não,

a gente pode cantar juntas, mas eu tô contigo, eu não abro o céu das minhas.

A Giovana tem 28 anos, tem muito desencontro amoroso ainda pela frente.

Fique tranquila, Giovana.

Bom, a gente termina assim o programa de hoje.

Se você gostou, não deixa de dar o quê, Thaís?

Five stars!

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O Foros Terezinha é uma produção da Rádio Novelo para a revista Piauí,

com a coordenação geral da Evelyn Argenta.

A direção é da Mari Faria e a produção do Marcos Amoroso.

O apoio de produção é da Natália Silva, a edição é da Evelyn Argenta e do Tiago Picado.

A finalização e a mixagem são do Luiz Rodrigues e do João Jabás, do Pipoca Sound.

Jabás, que é também o intérprete da nossa melodia tema, composta por Vânia Sales e Beto Boreno.

A nossa coordenação digital é feita pela Fê Cris Vasconcelos e pela Bia Ribeiro.

A checagem do programa é do João Felipe Carvalho e a ilustração no site do Fernando Carval.

O Foros Terezinha foi gravado nas nossas casas e em Brasília.

E eu me despeço dos meus amigos, José Roberto de Toledo. Tchau, Toledo!

Ô, Fernando, eu vou abrir, vou fazer um desaforo tardio aqui.

Só avisar a parte dos nossos ouvintes que não conseguiram ouvir o foro no seu tocador predileto semana passada

que isso se deveu a uma mudança de publicador, uma coisa tecnológica aí.

Mas esperamos que essa semana as coisas se normalizem. Não nos deixe sós, já diria a cola.

Ah, essa semana eles estão condenados a nos ouvir. Thaís Bilencki, tchau, Thaís!

Tudo joinha, gente. Tchauzinho.

Joinha, joinha. É isso, gente. Ótima semana a todos e até a semana que vem.