Inclusão e Acessibilidade - Transtorno Mental
Olá, eu sou Márcio Fernandes e estou de volta com a nossa websérie Inclusão e
Acessibilidade: essa causa também a sua! Essa é uma produção de dez episódios do
Núcleo de Educação a Distância da Unicentro o Nead com o apoio da
Proen a nossa Pró-reitoria de Ensino e do Pia
o Programa de Inclusão e Acessibilidade da Unicentro. Episódio de hoje é
transtorno mental. Comigo um convidado muito especial que vocês vão gosta.
Altamente qualificado para falar sobre esse tema transtorno mental, professor
Eduardo Bernardes Nogueira da Faculdade Guairacá aqui de Guarapuava. Tudo bem Eduardo?
Tudo bom Márcio! Que bom, obrigado pela presença, obrigado pela disponibilidade.
Eu que agradeço. Profissionalmente conte a nossa audiência quem é Eduardo Nogueira?
Bom, eu fiz graduação em psicologia na Unesp em Assis São Paulo,
depois vim para o Paraná para Curitiba fiz pós-graduação em saúde mental,
psicopatologia e psicanálise e depois trabalhei com saúde mental na saúde
pública. Depois vim para Guarapuava para lecionar
na Guairacá nos cursos de saúde psicologia principalmente. Então minha
formação foi toda na área da psicanálise e da saúde mental né e atualmente tô
continuo na Guairacá facço parte do Bergassi 19 que é um espaço de psicanálise e
trabalho como supervisor em Prudentópolis também na área de saúde
mental. Muito bem eu disse que ele era bem qualificado, vocês acabaram de ver e
ouvir. Eduardo o que é o conceito de transtorno mental também chamado de
sofrimento psíquico? Bom, o transtorno mental ele é um grupo amplo que é
caracterizado com uma síndrome que tem como principal característica
alguma perturbação significativa na área cognitiva, emocional ou comportamental.
Essa é uma definição do DSM né.
O que mais importa é que essa perturbação provoca sofrimento e é por
isso que a gente diz que um transtorno mental ele é um sofrimento psíquico
tentando ampliar um pouco aí o conceito como uma coisa que não seja só mental
como se fosse uma questão da mente, mas que tem um sofrimento envolvido aí nisso
que a gente chama de transtorno. De transtorno. Aham. Nas nossas conversas fora do ar você havia
mencionado esse documento DSM e ponderou de novo agora. Explica para
a gente o que que é o DSM?
Tá! O DSM é um manual em português
traduzido como manual estatístico e diagnóstico de transtornos mentais que é
elaborado pela associação americana de psiquiatria e que é vamos dizer assim
aceito pela comunidade científica em nível mundial. Até a gente conversava,
você disse "bom é um manual né" é um manual né, e como um manual ele tem as
suas vantagens e tem suas desvantagens. Porque ele acaba transformando, ele
acabou transformando o transtorno mental e algo generalizado né e não é
exatamente assim, mas a gente sabe que tem pessoas, o sofrimento psíquico é um
sofrimento que todos nós temos aí o que vai caracterizar um transtorno mental é um
prejuízo significativo nas áreas da vida como a relacionamentos, trabalho,
etc... caracterizado ou
que se desenvolve a partir desse sofrimento mental ou psíquico né?
Essa websérie ela é muito focada na relação professor aluno, tanto o
professor que está dentro do ensino superior caso da Unicentro, caso da Guairacá de outras
intituições da nossa região, mas também almeja ser um suporte uma ferramenta
para os nossos alunos das licenciaturas que em algum momento entrarão ou estão
entrando em sala de aula no ensino médio e no ensino fundamental.
Quando alguém se depara com essa situação
ela deve procurar um documento um guia como o de DSM ou antes procurar um
profissional da área para entender melhor buscar aconselhamento? Por que
pergunto por que muitos de nós no seu dia a dia quando a gente se depara com uma
outra situação não necessariamente desse campo, o que a gente tende a fazer é procurar alguma
literatura nas redes sociais na internet né?
O que que a gente faz nessa hora? Boa, boa pergunta Márcio!
Não, não faça isso! Procurar um especialista? Isso, gostaria de fazer uma
diferenciação aqui algo que a gente vai ainda conversar hoje, mas tem uma
diferenciação que eu acho bem importante que é a função do educador. A função do
educador não é tratar. Eu comentei com você a questão do manual e como um manual
faz diferença como ele é manuseado né? E alguém inexperiente que vá utilizar o
DSM ou qualquer outro manual para diagnosticar vai meter os pés pelas mãos.
Vai ser incompleto! Vai ser incompleto, vai ser impreciso, vai ser apenas um rótulo que às
vezes a pessoa encontra e aí esse é um problema gravíssimo que a gente tem enfrentado
né? Até como você disse com acesso que as pessoas têm com a internet,
às vezes a gente tem uma super um super diagnóstico de alguns de alguns
transtornos quando não é verdade né? Essa diferenciação acho que é bem, bem
importante porque às vezes o próprio educador se sente cobrado
de dar uma resposta ou de conseguir diagnosticar né um transtorno
ou outro quando a função dele não é essa. Eu acho que o que é importante sacar é que
há um sofrimento aí envolvido mas que não é a função dele com professor
diagnosticar, mas olhar pra isso e aí conseguir arrumar parceiros, aumentar aí a
rede de relações para dar um encaminhamento um tratamento adequado.
Adequado né? Mas ele não! Sozinho não? Não, é como se um médico fosse dizer de como um professor
deve manejar didática em sala, não faz sentido. Não procede né?
Um outro ponto que nós podemos abordar diz respeito à síndromes; síndromes
psicóticas, síndromes ansiosas e síndromes maníacas e depressivas. É possível
caracterizá-las conceitua-las nos seus aspectos mais fundamentais?
Sim! Veja, os transtornos mentais como como disse anteriormente é um grupo
muito grande de, de tipos e etc. Vai desde transtornos alimentares até
os transtornos psicóticos, toque, etc. Para facilitar alguns autores trabalham com essa ideia
das grandes síndromes que são as que têm maior prevalência na população né vamos dizer assim. Que são essas
né a síndrome psicótica que seria aí
caracterizado por alucinação, delírios alguns fenômenos de estranhamento com o
corpo ou o estranhamento com a própria noção de eu. As vezes um.. uma
característica das síndromes psicóticas
as vezes um um resguardo maior nas relações sociais,
uma dificuldade de estabelecer vínculos afetivos pode aparecer e tal. As síndromes
ansiosas que se a gente for parar pra pensar é uma regra praticamente na nossa sociedade
atual, que são os transtornos mentais que tem por centro a vivência na
ansiedade, seja um medo muito intenso por exemplo como a síndrome do pânico,
seja estados ansiosos como a transtorno do estresse pós-traumático, ansiedade
generalizada, ou seja, um sentimento de
estar em perigo ou uma preocupação excessiva com o
futuro mais ou menos isso caracterizaria as síndromes ansiosas.
E as síndromes que a gente pode dizer depressivas ou maniacas que são aquelas talvez ligadas ao transtorno bipolar
e tal né. A síndrome depressiva que envolve
aspectos de tristeza intensa, apatia, falta de interesse que também é um
fenômeno muito presente nos nossos dias né? Você mencionou agora no final da sua fala
essa questão de falta de interesse. No ambiente universitário em que nós vivemos, com
alguma frequência a gente se depara com docentes mencionando isso, uma legada
falta de interesse do alunado que passa por uma transformação enorme do ensino
médio para o ensino superior que é muito jovem, nós temos alunos que entram
com 16, 17 anos. Assim, claro que é uma pergunta genérica
e uma resposta ampla também. Isso é normal,
digamos assim, essa falta de interesse aparente falta de interesse, isso é da idade,
ou ainda é parte de um processo de adaptação do ensino médio para o ensino
superior ou de fato é o que precisamos ter cuidado logo no início da vida
universitária?
Tá... bom, ele é um ponto bem complexo porque ele é multiaxial mesmo assim né ele tem
uma série de fatores que contribuem seria muito difícil dizer.
Eu acho que o importante é fazer essa diferenciação entre por exemplo alguém
que não está com interesse nenhum pela vida que aí é não só no meio universitário. Pela vida né...
que pode ser uma experiência de sofrimento mais
intensa que é diferente daquele que está desanimado com a a vida acadêmica, o curso, etc.
Não sei como que é a sua experiência talvez você pudesse dizer também, mas a minha assim a experiência diz que olha as
pessoas que entram às vezes com mais idade num curso superior
elas tendem a ter menos essa experiência do desânimo, porque entram às vezes
já sabendo olha eu quero mesmo fazer esse curso, me interessa vai se enquadrar na
minha vida. Os jovens as vezes nem eu tenho estudantes que entram com um 17, 16
anos que que sabemos aos 16 anos né? Eu me lembro sabia muito pouca coisa né
pra conseguir escolher uma carreira o que eu quero do futuro e a gente exige as
vezes dos nos jovens isso né olha você tem que ser determinado e saber
aonde você quer chegar! Não, não dá para cobrar isso dos jovens, mas considerar
isso né da juventude, desse momento de transformações e eu
acho que é essencial para a gente conseguir ressignificar essa experiência
universitária né de o que o que eu quero construir para o meu futuro, enfim, essas
perguntas estão sempre em pauta né e precisam... Estar em pauta! Estar em pauta e
serem escutadas. Muito bom Eduardo! Só um dado de diferença antes de chamar o intervalo, você mencionou essa questão
da idade de entrada dos alunos há estatística que diz que no ensino presencial
brasileiro a média de entrada é 18 anos na educação a distância que é esse
universo onde nós estamos gravando a nossa websérie é 28 anos de entrada.
Há uma diferença de 10 anos são duas gerações aí praticamente.
É uma diferença significativa. Muito bem vamos fazer um pequeno
intervalo e nós já voltamos com a nossa conversa.
Estamos de volta com a nossa websérie Inclusão e Acessibilidade: essa causa
também a sua. Antes do intervalo nós estávamos conversando com o professor
Eduardo Bernardes Nogueira da Faculdade Guairacá aqui de Guarapuava sobre o transtorno
mental. Ele continua conosco por mais um bloco para
que a gente possa avançar nesta questão. Eduardo nessa segunda parte o foco está
na relação de aprendizagem né, o ambiente escolar. É possível
diferenciar os principais transtornos de aprendizagem com outros tipos que
inclusive você mencionou antes do intervalo?
Sim, é possível diferenciar e eu acho que o encaminhamento aí para o educador, para o professor
também é outro né? Não que seja simples diferenciar o que que é por exemplo
da ordem do afeto e do que que é da ordem de uma dificuldade específica, mas há uma
descrição de transtornos que a gente chama específicos da aprendizagem
que são inclusive temas que vão ser abordados aqui né na websérie ou seja,
dislexia, da disgrafia, enfim, um às vezes aparece por conta de
diversas diversos motivos e vivências alguns transtornos que são localizados.
Então olha tenho um bom relacionamento com as pessoas, não tá triste, não tem
nenhum fenômeno de sofrimento muito exacerbado, mas que tem alguma
dificuldade no processo de adquirir conhecimento ou desenvolver alguma
habilidade que é esperado né, vamos dizer assim no processo de
educação ou no processo escolar né especificamente. Nesses casos um
trabalho psicopedagógico ou pedagógico tende a dar bons resultados. Qual que é
talvez uma diferenciação que a gente possa fazer? É quando isso aparece junto
com outras características, outros sintomas, outras vivencias de sofrimento que fogem
um pouco do âmbito da escola, da relação com o professor ou com os colegas. Uma
ansiedade é esperado vir com alguma dificuldade de aprendizagem? É, agora se
essa ansiedade está generalizada na vida daquele sujeito, aparece em casa,
aparece nas relações com amigos fora da escola,
então isso não é apenas um transtorno de aprendizagem né? Então essas
diferenças eu acho que é um bom caminho inclusive para o educador saber olha como
eu faço isso né não trato uma depressão na escola, mas também não vou tratar uma
dificuldade de aprendizagem numa no âmbito de saúde porque se tá se é do
do processo de ensino-aprendizagem um lugar mais adequado talvez seja com as
pessoas da área da educação... Da educação. No meio universitário não é muito comum
nós vermos os pais dos alunos ainda que a gente tenha, como nós mencionamos antes, muitos
adolescentes aqui né...meninos que entram com 16, 17 anos 18 quando muito na educação
superior. É possível deixar alguma recomendação para, para os pais ou então
para as instituições superiores na relação com os pais ou não é o momento
mais de buscar envolve-los já que os alunos estão entrando na fase adulta?
Esse é um dilema que a gente tem! É um dilema e é uma boa pergunta né... o quanto que trazer a família
para perto poderia fazer não diferença né dado que a princípio são adultos?
Mas eu acho que, eu acho que a princípio sim.
Vai depender muito né do caso porque a pode ser que esse estudante fique melhor
longe da família do que perto né? A gente tem que considerar essa
possibilidade mesmo, enfim, têm famílias que têm uma uma postura muito opressora e tal tal...
ou o próprio, o próprio sujeito consegue se virar melhor quando não está
nesse contexto, mas eu acho que muitos casos sim! Em
muitos casos tem algo que a família pode ajudar e que não consegue ver ou
não consegue aceitar e nesse processo eu acho que a universidade pode, pode estar
presente, a gente costuma fazer isso né ou esperar isso na... no ciclo básico e tal
e na universidade em que acho que não precisa manhã e eu acho que não é
exatamente assim né? A gente trabalha com um adolescentes
e vão precisar. Eu acho que em muitos casos seria muito importante. Adequado né?
Muito bem, fica a recomendação para as instituições, para os docentes, para né as
equipes, enfim, que cuidam de aspectos pedagógicos da vida do aluno.
Alguma recomendação final sobre essa questão do transtorno mental, a
conversa se delimitou tecnicamente muito bem diversos pontos né
uma mensagem final tanto para professores quanto para os alunos ou um
outro? Sim, aquilo que eu trouxe no começo eu gostaria de resgatar.
A função do educador mesmo né? A função do educador não é tratar e me parece que as
vezes se espera principalmente no ciclo básico, eu acho que nem tanto no
ensino superior, mas no ciclo básico é esperado que o professor dê conta de
toda a realidade do aluno e não vai dar né? Não é justo a gente pedir isso! O próprio
professor tem que acho que entender isso; a função dele não não é essa, né?
Isso não quer dizer que ele não tenha nada a ver com essa história, óbvio.
Talvez a função dele seja conseguir perceber essas vivências de sofrimento e
conseguir uma primeira articulação, uma primeira ampliação da rede para que
se caso precisar de um tratamento especializado ou uma conversa com a
família, para que isso possa se...se iniciar, né?
Mas não é função dele diagnosticar, não é função dele dá conta desse sofrimento, mas
sim saber como que esse sofrimento pode ser tratado se necessário e como esse
sujeito que vivencia esse sofrimento pode continuar o seu processo de
aprendizado sem precisar desistir, sem aumentar a angústia e eu
acho que isso aí tem as artimanhas as soluções e estratégias do próprio professor.
Se esse sofrimento que esse estudante passa é algo que possa ser manejado né,
por exemplo uma ansiedade frente há provas, tem gente que passa muito mal né,
uma cidade enorme nas avaliações e tal. O professor tem algumas estratégias para
não, não necessariamente modificar o que o aluno tem que aprender ou não tenha
que aprender, mas como ele vai fazer as avaliações e tal, tal e tal, isso é algo possível né?
Agora, se o estudante apresenta por exemplo uma depressão grave em que ele não
consegue mais circular, não consegue mais estar no espaço acadêmico e tal, não é
algo que o professor vai resolver sozinho. Ele talvez seja a pessoa que consiga
perceber isso e dar o primeiro passo, mas ele não é responsável por fazer este
estudante não ser mais depressivo, seria exigir demais. Sinto que
tem, minha mulher me disse uma frase esses dias que eu achei interessante ela disse
a transferência que o educador tem é com a educação
as vezes tem alguns estudantes que a gente tem mais empatia outros que têm
menos, mas a gente tem que lembrar disso que é com um processo de descoberta do
mundo e tal, tal, tal que a gente tem transferência né, diz ela por uma dívida
que a gente teve porque alguém um dia fez isso com a gente. Então eu acho que se
trata disso assim de pensar como é que essas pessoas por mais que estejam
sofrendo ou não podem continuar o seu processo de busca e desenvolvimento, etc.
A partir do momento que algo se tornou muito grave tem que pedir ajuda.
Procurar ajuda? Essa é uma moral da história no fim!
Moral da história é procurar ajuda! vamos conversar né?
Eu acho que a área da saúde e da educação têm muito o que conversar!
Que bom! Eduardo muito obrigado pela presença e pela disponibilidade, por
partilhar o seu amplo conhecimento tivemos uma pequena demonstração disso
na conversa, muito obrigado novamente pela disposição. Eu que agradeço! Muito
obrigado! Ficamos por aqui, essa é nossa websérie Inclusão e Acessibilidade: esta
causa também é sua, uma produção da Unicentro com diversos parceiros dentre eles o
professor Eduardo Bernardes Nogueira nosso convidado especial de hoje a quem
agradeço novamente. Um abraço, nos vemos e até breve!